Cadastro positivo: vale a pena consultar se você vende no crediário próprio?

cadastro positivo e suas possíveis aplicações no crediário têm sido um tema das perguntas que recebo diariamente de lojistas de todo o país.

“Será que vale a pena?”

“Serve para a minha loja?”

“Minha análise de crédito vai melhorar?”

Foi para responder todas essas dúvidas que decidi escrever este artigo e também gravar um vídeo para o nosso canal no YouTube.

Neles eu comparo as modalidades de cadastro positivo disponíveis no mercado brasileiro e explico como os principais birôs de crédito trabalham com esses dados.

Acesse nosso conteúdo e confira se esse tipo de informação é realmente relevante para a sua loja.

Continue lendo depois do vídeo!

O que é cadastro positivo?

O cadastro positivo é um modelo que está começando a tomar forma no Brasil e que, por enquanto, baseia-se principalmente em informações de origem bancária.

Trata-se de um banco de dados que registra o pagamento de contas de consumo ao longo do tempo, com o objetivo de formar um histórico de crédito do consumidor.

Diferente de outros modelos, ele não se baseia nos registros de inadimplência e sim na avaliação de todos os pagamentos realizados dentro de um determinado período.

Em outras palavras, o foco do cadastro positivo não é identificar quem está com o “nome sujo”, mas valorizar quem costuma pagar em dia.

Como funciona o cadastro positivo?

Segundo a nova lei do cadastro positivo, os birôs de crédito agora podem avaliar todos os dados financeiros e de pagamentos relativos a operações de crédito sem autorização prévia do consumidor.

Ou seja: agora a inclusão é automática para todos os cidadãos com um CPF.

Com base nestas informações são atribuídas notas de crédito (também conhecidas como credit score) para cada consumidor.

Estas notas servirão para embasar a tomada de decisão referente a concessão de empréstimos e financiamentos.

O volume de dados acessado pelos birôs inclui informações sobre atraso de contas de consumo ou cartão de crédito, dívidas em nome do consumidor e até informações creditícias de familiares em primeiro grau.

O cadastro positivo vale a pena?

Agora que já temos uma ideia melhor de como funciona esse modelo de cadastro, vamos à pergunta que realmente interessa:

Para quem vende no crediário vale a pena consultar o cadastro positivo?

Para respondê-la, vou me basear no modelo que temos aqui no Meu Crediário e também no que tenho percebido nos eventos e congressos ligados à área de concessão de crédito dos quais participei.

O papel dos birôs de crédito

Antes de tudo é preciso saber que existem quatro birôs de crédito no Brasil.

Ou seja, quatro órgãos de proteção ao crédito que podem ofertar para o mercado o serviço de cadastro positivo.

Os três primeiros são os mais conhecidos pelos lojistas:

O quarto é uma empresa nova, formada pela união dos cinco maiores bancos do Brasil.

Em operação desde 2018, a Quod começou utilizando os dados dos clientes da rede bancária para formar uma grande massa de dados para iniciar seu cadastro positivo.

Porém, para que essa empresa pudesse atuar no mercado, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) determinou que toda informação que a Quod obtivesse dos bancos teria que ser compartilhada com os demais birôs de crédito.

Então, a princípio todas essas empresas têm a mesma informação, proveniente dessa massa de dados bancários.

Onde (e como) fazer a consulta de crédito?

No sistema tradicional de consulta de crédito, já existe no Brasil uma dificuldade para o lojista na hora de decidir onde consultar o CPF o cl

iente.

Algumas lojas negativam os devedores no SPC Brasil, enquanto outras preferem registrá-los no banco de dados da Boa Vista (SCPC). Outras ainda consultam e registram os clientes na Serasa.

Com três bancos de dados diferentes, o que acaba acontecendo?

Você consulta o cliente no SPC Brasil e ele está limpo.

Mas ele pode ter um registro na Boa Vista ou na Serasa, que você deixou de consultar.

Então, em um “mundo ideal” você consultaria os três serviços para ter uma informação mais fiel para saber se o cliente está negativado.

Quer um exemplo prático?

O crediarista consulta o cliente somente no SPC Brasil e o resultado é “ nada consta ”.

Com essa informação, ele pode achar que se trata de um ótimo cliente e que é seguro fazer uma primeira venda no crediário com limite de R$ 600.

Mas se a loja tivesse consultado a Boa Vista, por exemplo, veria que o cliente tinha três registros naquele banco de dados!

Nesse caso, a atitude mais correta seria negar o crédito por se tratar de um perfil de altíssimo risco.

Então pensa bem.

Se isso acontece no cadastro negativo, que é aquele que você utiliza com maior frequência, imagina com mais uma empresa no mercado oferecendo cadastro positivo?

Isso sem falar nos custos de tanta consulta!

Cadastro positivo realmente identifica bons pagadores?

O cadastro positivo traz como sua principal estratégia o uso das informações sobre os bons pagadores.

Perfeito.

Mas como é que você vai identificar um bom pagador quando está vendendo no carnê para um consumidor desbancarizado?

Lembre-se que a base do cadastro positivo são as informações que vêm dos bancos.

Dessa forma, quem não é bancarizado dificilmente estará na lista de bons pagadores do cadastro positivo. Por mais que pague suas contas em dia.

Na minha opinião, atualmente o cadastro positivo não vale a pena para o lojista pois ainda faltam dados mais específicos do mercado varejista.

Talvez no futuro isso mude, pois sei que os birôs de crédito estão correndo atrás dessas informações.

Muita concorrência, pouca informação

Já há acordos em andamento com grandes lojistas para compartilhar suas bases de dados com os birôs, o que deve agregar informação do varejo para ajudar na análise de crédito.

Mesmo assim, ainda resta uma questão.

Digamos que você que tem dez lojas e fecha um contrato de enviar essas informações para alimentar o banco de dados da Serasa.

Mas se na sua região o pessoal consulta mais a Boa Vista, eles vão usar o cadastro positivo do

Boa Vista.

E essa informação que você enviou para a Serasa não vai realmente contribuir para o cadastro positivo que a maioria das lojas está usando.

Entende o cenário?

Hoje o que temos são muitos concorrentes com poucas informações!

Agora, imagine que você enviou a informação para o birô correto na sua cidade, que nesse caso hipotético seria o SPC Brasil.

Você enviou as informações positivas de um determinado cliente que comprou na sua loja e pagou em dia.

Essa informação vai contar pontos para o score positivo desse consumidor.

Mas e se ele já estiver negativado na Serasa?

Sua informação positiva não estaria distorcendo o score em outro birô que não tem conhecimento disso?

Isso beneficia ou prejudica o mercado?

Realmente é complicado…

Veredito final: o cadastro positivo funciona no crediário?

Bem, se você leu até aqui já deve imaginar qual é a minha resposta.

O que posso dizer é que, na nossa própria operação aqui no Meu Crediário, ainda não nos sentimos seguros para fazer um teste utilizando o cadastro positivo.

Existem muitas variáveis e muitas situações que ainda precisam ser respondidas.

Acredito que o cadastro positivo servirá inicialmente para financiamentos bancários e principalmente para quem trabalha com um público bancarizado.

Mas por enquanto não vejo essa informação sendo utilizada no varejo.

Nossa operação se mantém utilizando a análise de crédito restritiva, por considerarmos este o modelo mais seguro e mais confiável para o lojista.

Um grande abraço e boas vendas!

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